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Arquitetos: Paulo Merlini arquitetos
- Área: 150 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. Quando abordados pelos clientes, foi-nos pedido que criássemos um espaço impactante, que criasse emoção, mas que fosse neutro o suficiente para não se sobrepor. Um local no qual o utilizador sentisse que tinha entrado numa outra realidade, mas que ao mesmo tempo o fizesse sentir-se em casa.
Um dos elementos mais caracterizadores deste espaço é a sua relação com a realidade exterior. Ladeado por uma rua movimentada a nascente e uma área residencial, bastante mais tranquila, a poente.
A primeira decisão a tomar foi a de para qual dos alçados deveríamos voltar os gabinetes médicos, tínhamos a consciência de que nenhuma das opções seria a ideal em termos de orientação solar. Optamos por colocar os gabinetes encostados ao alçado posterior, a poente, por perceber que estaria menos exposto à luz direta, além da mais-valia de ficarem voltados para a zona residencial, naturalmente mais tranquila e menos ruidosa.
Ainda assim, e para auxiliar na possível entrada de sol direto, previmos a aplicação de cabos de aço nos canteiros pré-existentes localizados em ambos os alçados, e de elementos vegetais trepadeiros, que com o tempo criarão uma barreira vegetal que não só ajudará na resolução da entrada de sol direto, como criará uma sensação de maior confortovisual.
Ao colocar os gabinetes a Poente e uma serie de funções importante nos limites do espaço, regularizamos o espaço de receção, criando um primeiro momento que recebe o paciente.
Pareceu-nos primordial que no momento de entrada no espaço, o paciente o sentisse como um todo. Assim, em vez de desenharmos as restantes funções como receção, sala de esterilização, e copa de forma a seccionar o espaço, repartindo-o, o que nos iria fazer perder esta sensação de amplitude visual, desenhamo-los como se de caixas se tratassem. Elementos que parecem poder ser deslocadas de um sitio para o outro, parecendo que foram elementos colocados no local posteriormente, como volumes independentes.
Com este pequeno truque conseguimos garantir a fluidez visual e luminica de todo o espaço, garantindo no entanto as hierarquias de circulação necessárias, ainda que percecionadas de forma inconsciente.
Para reforçar a privacidade dos funcionários foram colocadas uma serie de arbustos entre as caixas. Desta forma conseguimos um corredor técnico perfeitamente diluído no espaço, usando apenas a perspetiva e hierarquização de funções.
Na sala de espera, e de forma a quebrar a rigidez do uso do branco e atribuir a todo o espaço uma sensação de conforto, desenhamos sofás que acompanham a organicidade das caixas